segunda-feira, 25 de julho de 2022

Para entender e questionar Itatiaia





 

PARA ENTENDER E QUESTIONAR ITATIAIA

Uma visão geral de aspectos da formação cultural da cidade segundo o professor Rafael Fioratto

 

Esta publicação tem como objetivo registrar uma visão pessoal do acadêmico sobre sua cidade e levantar possíveis pontos de pesquisa que podem ser explicados e aprofundados por acadêmicos e historiadores.

 

Itatiaia no seu 33° aniversário de Emancipação Político-Administrativa

 

PARA ENTENDER E QUESTIONAR ITATIAIA

 

Itatiaia se emancipa "logo após" o retorno da democracia no Brasil. É justamente no ano de 1989 que as eleições diretas ocorrem e o brasileiro volta a escolher seus presidentes, governadores, senadores... e acredito que o movimento emancipacionista tenha ganhado força e se alavancado, inspirado e talvez creditado por este movimento nacional.

Em Itatiaia, sempre existiu a vontade forte por parte de algumas pessoas ligadas à política (por várias vezes o distrito elegeu vereadores enquanto pertencia à Resende e era um reduto eleitoral importante na decisão de quem ganharia para prefeito.)

Mas o grupo emancipacionista não tinha somente políticos no sentido eleitoral ou partidário. Este grupo era heterogêneo e dele participavam pessoas de diferentes áreas de atuação, inclusive o padre José Wyrwinski por exemplo, colaborava e cedia o salão paroquial para encontros.

O que as pessoas queriam era uma representatividade, uma identidade "Itatiaia", pois Resende tinha outros distritos na época como Porto Real, Quatis, Engenheiro Passos... e Itatiaia olhava para si e se via somente como mais um dos distritos, mas sentia que poderia e deveria se emancipar para ter suas decisões tomadas enquanto cidade. Acredito que a presença do turismo na localidade de Penedo tenha dado força extra no processo emancipacionista, mas numa visão geral, no momento da emancipação grande parcela da população sentia à vontade de ver Itatiaia emancipada e que isso traria benefícios que a posição de distrito não contemplaria.

Não há dúvida de que o personagem mais emblemático da emancipação foi o Sr. Nilson Neves, que ia ao Rio conversar com autoridades políticas, que acabou sendo a figura que se destacou quando Itatiaia conquistou o direito a um plebiscito e posteriormente quando a emancipação foi aprovada pela maioria da população.

O primeiro movimento eleitoral foi marcado por forte influência de políticos resendenses que adotaram candidatos, fizeram campanha, espalharam “fake news” (sim, não tinha esse nome na época, mas já existia no processo eleitoral a prática das difamações e boatos.) Inclusive um episódio que Itatiaia protagonizou foi quando um avião jogou panfletos pela cidade, uma “manobra” bastante revolucionária e um tanto demasiada.

A fundação de Itatiaia data oficialmente no dia 01 de junho de 1989 e o primeiro prefeito é o Sr. Luiz Carlos Aquino, conhecido pelo apelido de picolé. Venceu o picolé! E como a cidade já tinha uma tendência a ser algo como “Saramandaia”, onde tudo podia acontecer, centenas de picolés são distribuídos na rua central para todos os presentes. Uma “picolezada” geral marca o início da vida política da cidade. Em seu primeiro governo, que durou somente dois anos, Aquino obtém grandes avanços e inicia um projeto que correspondia aos anseios dos itatiaienses. Revitaliza a praça da matriz, inicia construções, começa a reformular a rede de esgoto, asfaltamento... Coloca até um carrinho com vassouras giratórias que passavam limpando as ruas. Lixeiras padronizadas são espalhadas pela cidade, pontos de ônibus são padronizados e a cidade começa a se despontar como uma “Princesa”. Não sei se princesa do vale, da montanha ou da região, mas mesmo no período democrático ainda se falava na corte, a princesa.

Depois, os governos que sucederam tiveram, cada um, suas características positivas e também as negativas, pois ninguém acerta em tudo, mas essas avaliações vou fazer quando escrever um livro sobre minha visão no processo de formação de uma cidade.

Passamos então, a falar do aspecto mais importante que permeia a vida em uma cidade, já que identidade cultural está diretamente ligada ao estilo e qualidade de vida que a população vive e desenvolve. E parafraseando meu colega historiador Eduardo Bueno “Povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la”. Ou também “Povo que não sabe da onde veio, não sabe para onde vai”.  E neste sentido, este panorama geral sobre como nasce e como se desenvolve a vida em Itatiaia é importante ser conhecido e lembrado para que o futuro seja construído.

E cultura é elemento vivo, orgânico e abstrato. Sendo o conjunto de saberes, fazeres e características de um grupo de pessoas, na cidade temos essa multiplicidade que acredito ser a tendência global..., mas que precisa de atenção para que não seja também a tendência genérica. Onde tudo é recebido e consumido de fora. É importante fazer, criar e promover na coletividade, a identidade. Tudo tão batido e repetitivo, como os textos de projetos que precisam ser inscritos em editais, mas é verdade. É necessário.

A cultura em Itatiaia pode ser lida por diversos prismas e principalmente devemos levar em conta as localidades. Maringá e Maromba têm uma cultura bem diferente da área central se formos comparar. Somos todos moradores do território de Itatiaia, porém o ambiente, o grupo que ali chegou e as necessidades são diferentes. É lógico que os resultados culturais também serão diferentes. Vejam bem, nem melhores, nem piores, apenas diferentes.

Já a vida cultural de Penedo se inicia com uma das histórias mais fantásticas sobre a formação de uma colônia europeia no novo mundo. Se o Brasil é pioneiro em receber uma corte inteira em 1808, Penedo é pioneiro por receber em 1929 um primeiro grupo de finlandeses que veio em busca de uma vida mais natural e ensolarada nos trópicos. Não vieram fugidos da guerra, como alguns pensam. Penedo é o resultado de um sonho de viver nos trópicos. Toivo Uuskallio foi seguido por famílias finlandesas que vieram para o Brasil em busca do verde, da fauna, da flora e de temperaturas mais quentes. Com eles chegam à sauna, única palavra finlandesa existente no dicionário português.

A presença da cultura finlandesa, somada ao ambiente tropical brasileiro que promove uma cultura muito peculiar, a cultura ‘penedense’. Pois, ingredientes culinários são substituídos nas receitas tradicionais, novas possibilidades são criadas a partir do conhecimento trazido da Finlândia, as datas se tornam opostas no calendário solar, pois se em maio eles comemoravam a chegada da primavera no hemisfério norte, aqui no Brasil a festa passa a acontecer no início do outono. Todas essas características tropicais, somadas a pluralidade do povo brasileiro aos poucos transforma Penedo num lugar único no Brasil.

A história da formação e desenvolvimento da colônia, seus altos e baixos é muito rica e não cabe aqui me aprofundar, mas existem livros que contam de maneira genial toda a saga de Penedo. Mas vale ressaltar que nos anos 80e 90 o lugar já era um destino turístico bastante procurado por pessoas que buscavam tranquilidade em meio ao ambiente natural da primeira e única colônia finlandesa no Brasil.

No final dos anos 90, precisamente em 1999, um marco no turismo de Penedo inicia uma nova etapa: a inauguração da “Pequena Finlândia”, um shopping a céu aberto que reproduzia uma vila de casas finlandesas e abrigava a casa de verão do Papai Noel. A atração trouxe novos ares para o turismo e maior quantidade de visitantes. Com mais visitantes, mais desenvolvimento da gastronomia, da hotelaria e por consequência, mas demanda de energia, água, infraestrutura e tudo aquilo que todos sabem que acontece quando há o crescimento desordenado. Os mais pobres começam a morar nos morros que margeiam a colônia. No meio da Mata Atlântica aos poucos surgem casas, ruas, vilas... E com isso o contraste social, que em Penedo não é visto claramente como acontece na cidade do Rio de Janeiro por exemplo.

Em Penedo você não vê a pobreza se você não for até ela, pois está atrás dos morros. Existe hoje uma corrente que resiste em manter a característica de colônia finlandesa e isso se encontra muito centralizado no Clube Finlândia que também mantém um museu com objetos, vestuários típicos vindos da Finlândia, mas no meu entendimento o maior tesouro que o museu preserva são os objetos e obras de arte feitos pelos finlandeses já na colônia, pois são esses artefatos que dão visualidade a esta cultura desenvolvida pelos europeus aqui no nosso Penedo tropical.

A área central de Itatiaia, (que podemos chamar de núcleo urbano?) é também interessante, mas muito complicada de se fazer uma análise concreta. Pois o início do povoamento se dá com a chegada de desbravadores que vão iniciar algumas plantações, logo erguem-se fazendas e Itatiaia se coloca dentro do contexto da produção agrícola e da pecuária. Uma vila se forma em torno da capela central, como em muitos casos de cidades interioranas que aos poucos, acontecimentos pontuais vão dando corpo ao que viria ser a vila e posteriormente a cidade. Inicialmente conhecida como Vila de Campo Belo.

O primeiro acontecimento que vai modificar culturalmente a vida em Itatiaia é a construção da hidrelétrica do funil, que tem suas obras iniciadas em 1961 e suas operações começam em 1969. Com a construção de repente a população cresce de uma maneira expressiva, vilas de operários são erguidas, chegam pessoas de diversos lugares, logo de diferentes culturas, se instalam e vão fazer a localidade ter mais movimento. Depois, ou paralelamente vem o desenvolvimento da hotelaria como forte atrativo e culmina essa expansão populacional com a própria emancipação. 

Com a eleição municipal para prefeito e vereadores para ocupar o poder em ITATIAIA, a corrida eleitoral começa e precisa de eleitores. É neste momento que as áreas ao redor da cidade mais avançam e até novos bairros surgem do dia para a noite.

E a cultura? A cultura fica miscigenada e vai perdendo a identidade de lugar de interior. Um exemplo claro é a festa do padroeiro, que foi a grande festividade de Itatiaia e perdeu lugar para o 1° de junho, aniversário de emancipação... aos poucos, o pouco que se tinha como cultura local realizada coletivamente foi dando lugar para festas de bairro (Que eu vou escrever sobre futuramente e vocês vão rir bastante), o Carnaval é  incentivado e torna-se se não o maior, talvez o mais falado da região, mas vai ganhando ares e formato de carnaval baiano, nada contra a Bahia e seu tradicional carnaval, mas não levar em conta que somos uma cidade pequena de interior acabou fazendo com que o carnaval perdesse suas características e acaba sendo interrompido tragicamente com o assassinato de um jovem de 18 anos em meio a festa de 2012.

E sobre cultura no sentido da ARTE e do fazer criativo pouco se vê de incentivo real nos primeiros anos, em determinado momento o antigo cinema do exército é reformado e entregue como teatro municipal, em alguns anos por descaso político o prédio volta a ser abandonado e nada de perene se estabelece para oferecer não só a vivência cultural, mas também a qualidade de vida e a convivência saudável entre os moradores.

Para falar de cultura e desenvolvimento humano precisamos falar também do maior atrativo que a cidade abriga, o Parque Nacional do Itatiaia, primeira unidade de conservação do país, foi inaugurado em 1937 pelo presidente Getúlio Vargas. Deixei propositalmente para o final a “cereja do bolo”, pois o PNI recebe anualmente milhares de turistas vindos de todos os cantos do Brasil e diferentes países. É um grande atrativo natural que se divide em duas partes de visitação: a parte baixa, onde estão as principais cachoeiras e o centro de visitação com exposições e explicação que vai desde a formação geológica até amostras de insetos, animais, aves e plantas do bioma. O parque é um sucesso, mas curiosamente não impacta turisticamente na área central do município que permanece apática e não consegue enxergar o potencial econômico que passa e não fica. Parte deste desinteresse turístico pela área urbana da cidade se dá ao descaso com a história e o patrimônio arquitetônico. 

A cidade não oferece equipamentos culturais como museus, galerias, festas tradicionais e consequentemente não possui restaurantes, bares e lojas destinadas ao turismo. O que poderia ser uma ferramenta para geração de renda, não é incentivado.

Itatiaia cresceu em números: população, indústria, interesse turístico, arrecadação e em outros aspectos precisa recuperar o tempo omisso.  Patrimônios importantes de memória foram e estão sendo perdidos, as tradições imateriais que podem ser resgatadas não estão sendo pesquisadas. Mas ainda existem possibilidades! Como a sociedade se constrói todos os dias e consequentemente a história de escreve da mesma forma, no cotidiano, é possível e necessário o incentivo à criação da identidade, já que se perdeu ou não se consolidou, sendo um município jovem, ainda estamos dentro do prazo para pesquisar, conhecer, ressignificar e fazer com que boas tradições surjam e se consolidem. Na ausência de símbolos significativos, o povo pode coletivamente criar seus totens. E cabe a uma consciência coletiva, bons gestores e a valorização do conhecimento a tarefa de mudar o rumo da história. Para que no futuro este texto seja o pontapé inicial para uma nova análise que vai comparar o momento atual com todo o avanço alcançado pelos itatiaienses após o despertar de seus papéis dentro de nossa formação cultural.

Um panorama geral da formação e parte da história é esse aí, mas para saber como as coisas de fato foram, aí você vai ter que ler. (Como sempre diz Eduardo Bueno)

 

 

RAFAEL FIORATTO

Presidente da ACIDHIS

 

Para o 33° aniversário de Emancipação Político-Administrativa de Itatiaia

Itatiaia 01 de junho de 2022

quinta-feira, 9 de junho de 2022

Prefeitos de Itatiaia



1º.  AQUINO - Luís Carlos de Aquino (1º de junho de 1989 / 1992)





2º. JAIR - Jair Alexandre Gonçalves (1993 – 1996)





3º.  ALMIR - Almir Dumay Lima (1997 – 2000)




4º. ALMIR - Almir Dumay Lima (2001 – 2004)




5º. JAIR - Jair Alexandre Gonçalves (2005 – 2008)




6º. LUIS CARLOS YPÊ - Luiz Carlos Ferreira Bastos (2009 – 2012)




7º. YPÊ - Luiz Carlos Ferreira Bastos (2013 – julho de 2016)




8º. DUDU - Eduardo Guedes da Silva – Interino (julho 2016 – dezembro 2016)




9º. DUDU - Eduardo Guedes da Silva (2017 – 2020)




10º. IMBERÊ- Imberê Moreira Alves – Interino (janeiro de 2021 – junho de 2021)




11º. VANINHO - Silvano Rodrigues da Silva – Interino (junho de 2021 – dezembro de 2021)




12º. THIAGUINHO - Thiago Rodrigues Moreira  Interino (dezembro de 2021 – março de 2022)




13º. IRINEU - Irineu Nogueira Coelho (abril de 2022 – atual)

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Completamos hoje 30 anos

 

Completamos hoje 30 anos de luta e desafios, seguindo o caminho da valorização da história de Itatiaia!


A ACIDHIS - Academia Itatiaiense de História foi fundada em 1 de junho de 1992 e hoje completamos 30 anos de muitas Histórias. Seu objetivo é o de preservar e incentivar a pesquisa histórica, porém nossas ações vão além do "guardar o velho" como dizem nossos alunos. Ao longo destes anos buscamos estreitar laços com o passado/presente e mostrar para as novas gerações as possibilidades de ser moderno e preservar. As dificuldades são muitas, mas na mesma proporção temos nossos confrades e confreiras incansáveis nesta batalha! Aos nossos fundadores e amigos nosso MUITO OBRIGADO pela coragem de criar no recém município uma Instituição de valor inestimável para todos os que compreendem a importância de se preservar e aos nossos acadêmicos pela confiança e respeito ao trabalho, nossa GRATIDÃO! E como dizia nossa fundadora Alda Bernardes de Faria e Silva: “- Itatiaiense de nascimento ou de coração, só ama Itatiaia quem bem a conhece no passado e no presente.” PARABÉNS ACIDHIS pelos 30 anos!!!





Parabéns a nossa Itatiaia

 

Parabéns a nossa Itatiaia, cidade linda com uma história repleta de beleza e conquista!


Ao longo destes 33 anos de Emancipação Político-administrativa, Itatiaia passou por mudanças socioeconômicas, históricas e culturais, importantes para os munícipes e por todas as conquistas e desafios vencidos PARABÉNS ITATIAIA, uma cidade cheia de encantos que acolhe a todos que buscam a simplicidade do interior.





terça-feira, 9 de julho de 2019

Convite - Solenidade da ACIDHIS


Convite - Solenidade da ACIDHIS - Comenda Barão Homem de Mello - 75 anos da AMAN

É com muita honra que convidamos para a Solenidade da Academia Itatiaiense de História onde iremos fazer a lembrança dos 75 anos de instalação da AMAN na nossa região e a entrega da Comenda Barão Homem de Mello ao nosso presidente do honra e fundador Cel. Cáudio Moreira Bento.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Sessão Solene do 27º aniversário da ACIDHIS























































( ^ Fotos: Allan Bergk ^ )









( ^ Fotos: Carlos Alberto / PMI ^ )


***

Sessão Solene do 27º aniversário da ACIDHIS e 30º aniversário da emancipação político-administrativa de Itatiaia e outorga do título de acadêmica a jornalista Gabriela da Silveira Ferreira Lima.



01 de Junho de 2019
15 horas
Câmara Municipal de Itatiaia






ROTEIRO



1. Abertura


MC (Mestre de Cerimonia) - Boa tarde a todos: Autoridades, familiares, convidados, membros e acadêmicos da ACIDHIS. Nossa reunião de hoje é para comemorar o 27º aniversário da Academia Itatiaiense de História, o 30° aniversário do Município de Itatiaia e a outorga do título de acadêmica a jornalista Gabriela da Silveira Ferreira Lima, que tomará posse da cadeira número 35 – patrono Eila Ampula. 

Aproveitando também a ocasião para homenagear o historiador Sr. Claudionor Rosa e o Sr. Igold Knock.



2. Composição da mesa

MC - Convido para fazer parte da mesa diretora:


· Thiago Henrique Ferreira – Presidente da ACIDHIS
· Eliane Barros de Almeida – Vice-presidente da ACIDHIS
· Coronel Cláudio Moreira Bento – Exmo. Presidente de Honra e um dos fundadores da ACIDHIS
· Marcos Cotrim de Barcellos – Exmo. Presidente da Academia Resendense de História e do Instituto Campo Bello
· Rafael Fioratto – Acadêmico e Superintendente de Cultura de Itatiaia


3. Desenvolvimento


· MC – Solicito que fiquem de pé para a execução dos hinos Nacional e de Itatiaia.


· Convido o presidente da ACIDHIS, Thiago Ferreira, para fazer a abertura de nossa solenidade.


o Declaro aberta a solenidade em comemoração ao 27º aniversário da Academia Itatiaiense de História, o 30° aniversário do Município de Itatiaia e a outorga do título de acadêmica a jornalista Gabriela da Silveira Ferreira Lima.


· Convido aos componentes da mesa que sentem em seus lugares na plateia para darmos prosseguimento a solenidade. 


· Assistiremos a apresentação dos membros da Primeira Igreja Batista de Itatiaia, da qual a jornalista Gabriela é membro.




4.  Desenvolvimento – Apresentações


· MC – Convido o acadêmico Rafael Fioratto para falar sobre o 30º Aniversário de Itatiaia.


"Ao completar 30 anos Itatiaia , como um organismo vivo, em transformação, nos convida à uma reflexão. O que é Itatiaia? Um conjunto de casas, comércios e pessoas? Itatiaia é uma montanha cercada de verde onde pessoas resolveram habitar e aqui criar seus filhos? Itatiaia é mais do que construções de concreto, natureza e cidade. A força com que os ditos populares, as lendas e os mitos se apropriaram da fala da maioria dos Itatiaienses muitas das vezes de maneira negativa, já conhecemos. Dizem que tem cabeça de burro enterrada. Que só vai para a frente com a capela reformada e a imagem no lugar de origem. Que foi um padre que lançou uma praga. Explicações para falar mal da cidade existem para todos os gostos e crenças.

Então eu convido a pensar através de uma estrutura diferente. Se existe cabeça de burro enterrada, que levantemos de nossos sofás e desenterremos esta cabeça e quantas mais existir. Uma cidade não se constrói somente com políticos, administradores ou juízes. A cidade como organismo vivo precisa ser cultivada. Precisa ser nutrida com boas ações. Bons pensamentos e isso é parte do coletivo. Temos o direito de escolha e num estado democrático andamos livres para fazermos o que julgamos necessário e correto. Então precisamos mudar a forma de pensar, de falar e de agir. Itatiaia precisa de reflexão e seu povo precisa se questionar. Saber para onde estão indo, conhecer sua lei orgânica, participar da construção do plano diretor.

Nossa cidade precisa ser amada de maneira ampla, com ações claras que podem iniciar com a simplicidade de manter a frente de sua casa limpa, seu muro pintado, o verde de seu quintal florido. Somos o conjunto de gestos que somados transformam.

Falo hoje na solenidade desta academia, ao comemorarmos os 30 anos de emancipação político administrativa do município de Itatiaia com o intuito de registrar a necessidade de ações práticas para que nossos munícipes tenham seu sentimento de pertencimento despertados. E para que assim ao falar de nossa cidade no futuro essa fala não venha acompanhada de lamento ou insatisfação. Mas sim de contentamento e orgulho. Itatiaia pode e deve ser sinônimo de beleza e alegria. Podendo até quem sabe no futuro próximo se transformar em substantivo de qualidade. Nossa, que alegria! Você amanheceu tão Itatiaia! Quanta felicidade."


· Convido a vice-presidente e acadêmica da ACIDHIS, Eliane Barros, para falar sobre o aniversário de 27 anos da Academia Itatiaiense de História.

"Boa tarde à todos !

Agradeço a presença e parceria de vocês,nesta tarde especial e peço licença para pedir a Deus que receba nossa companheiro e amigo Igold Knoc em seu reino e ampare familiares e amigos.

A ACIDHIS foi criada com objetivo de preservar e incentivar a pesquisa histórica nas mais diversas áreas de atividade do município.

Fruto dos sonhos e da busca por manter viva a história da cidade ,um grupo de idealizadores fundaram em 1º de junho de 1992 a ACADEMIA ITATIAIENSE DE HISTÓRIA- ACIDHIS.

Nossos idealizadores, sócios fundadores são: Cel. Claudio Moreira Bento, Marcos Cotrim de Barcellos,Alda Bernardes de Faria e Silva, ,Germano Guilherme Zikan ,Eva Hildèn, José Pereira da Silva e Taime Margareta Aichinger,estes cinco últimos fazem parte de um outro plano e com toda certeza estão preocupados com as dificuldades pelas quais nossa instituição vem passando.

Ao longo de muitos anos, patrocinado por sua fundadora e presidente Alda Bernardes, uma mecenas no real sentido da palavra, a ACIDHIS promoveu exposições de selo, flores, jantares e participações em seminários; documentos e fotos que retratam um pouco da origem e modo de vida da sociedade Itatiaiense.

Estes documentos/fotos/objetos faziam parte da Acervo Particular de Alda Bernardes e hoje encontram-se com a família.

Desde 2013, com o afastamento de Alda Bernardes por problemas de saúde, a nova gestão vem buscando manter uma relação com os membros acadêmicos, carinhosamente chamados de confrades e confreiras e buscar novos membros. Qualquer instituição só o é de fato se temos pessoas que acreditam e fazem parte da mesma.

A ACIDHIS possui um imóvel denominado Chácara Pequenina (adquirido e doado por Alda Bernardes de Faria e Silva) situada a Rua São José, n° 64, Centro/ Itatiaia/ RJ; o mesmo encontra-se em ruínas.

Temos dividido nosso tempo em tentar arrecadar fundos para reconstrução da Chácara Pequenina, buscar novos sócios, contactar e manter próximos os antigos.

A Chácara Dona Pequenina é um imóvel tombado pelo Poder Executivo Municipal desde 1998 através do seu Plano Diretor, lei Municipal Complementar n° 003 de 28 de dezembro de 1998, e Lei 506 específica de Tombamento, de dezembro de 2008, sancionado pelo então Prefeito Jair Alexandre Gonçalves. Esta edificação é de suma importância para a História do município de Itatiaia por ser um exemplar do século XIX, e que também abrigou um grande personagem da história do município, o Sr. Reynaldo Maia Souto.

Em seu projeto inicial esta imóvel seria utilizado para a instalação do MUSEU DO CAFÉ”. Hoje a prioridade e reerguer.

Existe uma DECLARAÇÃO No 019/D.A.U./SECPLAN/2005, assinada pelo Chefe da Divisão de Arquitetura e Urbanismo, que diz: “o imóvel em questão está inserido e UPAHCS – Unidade de Proteção do Ambiente Histórico e Cultural, conforme Artigos 14, 15, e 22”.

Mesmo com as questões legais em andamento e a busca por patrocínio pouco avançamos e ano após ano assistimos o imóvel “cair”.

Se faz urgente uma mobilização de todos em prol da preservação, não só da Chácara Pequenina, mas de todos os imóveis tombados ou em processo de tombamento.

A ACIDHIS tem em andamento entrevistas com moradores que contribuíram para consolidar nossas sociedade, com mini documentários/produções fotográficas e literárias.

Nosso compromisso é manter viva a memória do município e buscar reconstruir nosso acervo através de doações e concursos nas diversas áreas culturais, aumentar a parceria com a educação e a sociedade civil como um todo.

Precisamos do apoio e parceria de TODOS a fim de tornar real e dar o destino correto à Chácara Pequenina, um ponto de encontro entre o passado, presente e futuro. Local capaz de promover e divulgar a História, incentivar e cultura e valores, além de ser um ponto turístico no coração da cidade, o que só agregará a todos.

Muito Obrigada !"



· Convido Exma. Senhor Thiago Ferreira, presidente da ACIDHIS para fazer uma homenagem ao Sr. Claudionor Rosa e o Acadêmico Igold Knoch.


"Claudionor Rosa (Guaianases, 13 de março de 1941 — Resende, 29 de março de 2019) foi um historiador brasileiro, fortemente associado à cultura e a história da cidade fluminense de Resende.

   


Biografia

Nascido na cidade paulista de Guaianases, o historiador Claudionor Rosa mudou-se para a cidade fluminense de Resende aos 23 anos de idade. A partir daí, passou a se dedicar e incentivar atividades culturais na cidade, como literatura, artes, poesia, música e pesquisas históricas. Fundou o Museu da Imagem e do Som (MIS), a Associação do Samba e o Grêmio Literário de Resende e seus concursos. Foi durante muito tempo diretor no acervo do Arquivo Histórico da Fundação Casa da Cultura Macedo Miranda, incentivando aulas-passeio, saraus, debates, exposições, atos cívicos, e outras atividades socioculturais.

Ele também comandava um programa na Rádio Resende AM. Também foi colunista do jornal "A Lira" e participou de diversas obras literárias, entre elas, "Cordel Resende", "Ponte Velha 100 anos", "Cordel Sagrado Coração" e "Do passado ao Presente".

Homenagens

2012 - Recebeu, após ser indicado pela Câmara de Resende, a medalha Tácito Vianna Rodrigues, maior honraria concedida pelo poder legislativo da cidade.

2016 - Homenageado na segunda edição da FLIR (Feira do Livro de Resende).

Sr. Claudionor foi fundamental para a criação da ACIDHIS, onde pode ajudar com informações valiosas para sua consolidação junto aos acadêmicos fundadores, é era membro ativo, hoje com muita honra, conforme nosso estatuto, indicamos para ocupar como PATRONO, na cadeira nº 39.

< Art. 15 “Patrono é a denominação dada em homenagem e reconhecimento à pessoa já falecida que seja conhecida pela sua reputação ilibada e destacada pelo seu relevante trabalho em benefício da comunidade e na construção e preservação das fontes históricas de Itatiaia.” Art. 16 “O Patrono homenageado terá o seu nome inscrito em uma única cadeira que será ocupada por um acadêmico e devidamente numerada (...).”>"


· Hoje também vamos prestar uma homenagem ao nosso Acadêmico que nos deixou recentemente, Sr. Igold Knoch.


                                       


"Nota de Falecimento

Sr. Igold Knoch, membro - Acadêmico - da Academia Itatiaiense de História (ACIDHIS) - (cadeira: 34 - Sr. Josef Simon) e ex-presidente da Associação dos Amigos do Itatiaia (AAI, fundada em 1951), faleceu ontem à noite aos quase 85 anos de idade. É uma perda irreparável para nossa associação, para o bairro Núcleo Colonial de Itatiaia, para a história da qual todos fazemos parte nesse Município.

Igold nasceu em 1934 em Itajái, Santa Catarina. Com apenas 22 anos, Igold foi encarregado pela TV Tupi de achar um local para instalar uma antena para poder transmitir o sinal no Brasil, em função da visita do Presidente de Portugal à época, Craveiro Lopes.

Após uma aventura perigosa na Ilha de São Sebastião, onde quase perdeu a vida, Igold desembarcou no Planalto de Itatiaia, com 2.400 metros de altitude. A tentativa foi frustrada, pois não encontraram o sinal. Foi quando ele visitou o Núcleo Colonial de Itatiaya e foi recebido por Joseph Simon.

Simon foi fundamental para levar Igold a encontrar o lugar certo da antena, pois conhecia essas montanhas como a palma da mão. O local certo ficava no topo de uma montanha, de onde se podia avistar as cavalgadas e a subida dos equipamentos. Essa antena está lá até os dias de hoje. A filha do Simon, Norma, acompanhou o pai e o Igold nessa empreitada e finalmente acharam o local para iniciar a transmissão de TV no Brasil. Foi nesse momento que Norma e Igold se apaixonaram, se casaram, tiveram filhos e com quem ele ficou até a partida dela em 2011.

Joseph Simon, quando chegou no Núcleo, ficou muito amigo do diretor da Reserva Florestal de Itatiaya, Augusto Miranda. Eram dois amantes de montanhas e assim Augusto e Simon desbravaram essas terras, o que levou Simon a comprar um lote para aqui se estabelecer (número 90). Começou com o Sítio Mosela, antigo Hotel Simon fundado em 1930, onde se criava galinhas e porcos, plantava-se milho e recebiam hóspedes viajantes à cavalo.

Joseph Simon casou-se com uma das filhas do diretor da Reserva, Lyra Miranda, com quem teve vários filhos, entre eles Haroldo Simon e Norma Simon, ela nascida aqui em 1939. Igold e Norma se casaram em 1959. A história da Reserva Florestal e do Parque, com o Núcleo e também com a AAI, se cruzaram harmonicamente várias vezes na história.

Igold e Norma eram ambos amantes da natureza, dos bichos, dos pássaros, dos insetos. Ele se dedicou à macrofotografia e sua casa, Cantinho dos Esquilos, foi referência para observadores de pássaros, onde ele recebia muitos visitantes, pesquisadores, escritores. Sua casa ficava na Estrada das Acácias, em referência a esposa de um antigo oficial do Exército, dono do Sítio das Acácias.

Embora Igold e Norma tenham ido morar em São Paulo para trabalhar e fazer a vida, decidiram retornar para seu local de origem. Igold tentou voltar para Santa Catarina, mas se rendeu ao Núcleo Colonial onde sua esposa passou a maior parte da sua vida e onde ambos se sentiam em casa. Norma retomou a paixão da sua mocidade pelas orquídeas e Igold se dedicou aos bichos, aos pássaros, a fotografar insetos e a conversar com as pessoas sobre natureza e a belíssima história do nosso bairro. Com ele aprendemos que sem conhecer a história podemos cometer grandes erros contra as pessoas e suas vidas.

Esse amor pela natureza tem uma raiz profunda, afinal foram os familiares da sua esposa e amigos vizinhos da sua casa que converteram ao longo de décadas uma área totalmente degradada na atual mata secundária verdejante que existe hoje. E se algum legado pôde ser deixado para as gerações futuras, esse legado social e ambiental foi construído por Igold e por várias outras pessoas que juntas construíram essa história de recuperação das matas e em harmonia com essas famílias.

Igold jamais será esquecido por todos nós. Ele é um exemplo com o seu amor pela natureza, seu empenho em ajudar a comunidade, sua disposição em resolver problemas que só ele sabia como. Ele é um exemplo de solidariedade e de companheirismo. Fará muita falta, mas com certeza o exemplo de sua vida fará outras pessoas seguirem o caminho que ele trilhou, que é o da harmonia e solidariedade entre todos nós.

Os nossos mais profundos sentimentos aos familiares do Igold, seu filho Marcelo Knoch, sua nora Laura e sua companheira Lia."


Autor: Hugo Penteado - Presidente da Associação dos Amigos do Itatiaia


· Convido o acadêmico da ACIDHIS, Sr. Marcos Cotrim de Barcellos – Exmo. Presidente da Academia Resendense de História e do Instituto Campo Bello para fazer a homenagem ao Patrono da cadeira nº 25 – Eduardo Augusto Torres Cotrim – Um centenário a ser recordado (1857 – 1919).





5. Outorga

· Convido agora o acadêmico e superintendente de cultura Rafael Fioratto para fazer a saudação a nova acadêmica da ACIDHIS e sua irmã – Gabriela da Silveira Ferreira Lima.


"Gabriela da Silveira Ferreira nasceu em 28 de janeiro de 1988 na cidade de Resende, Estado do Rio de Janeiro. Segunda filha de Vera Lúcia da Silveira Ferreira e Amilton José Ferreira, tem dois irmãos, Rafael José da Silveira Ferreira e Daniel da Silveira Ferreira. Casada com Tarcísio Luiz Pinto Lima e mãe de Cecília Ferreira Lima, nascida em 07 de abril de 2017.

Jornalista, atuou como repórter e redatora em rádio, jornais impressos e TV. Atualmente é jornalista da assessoria especial de comunicação social da Prefeitura de Itatiaia.

Desenvolta desde criança, fez conservatório de música, estudou piano, participava de peças de teatro, dança e desde cedo já contribuía com a formação de uma identidade cultural através de grupos artísticos. Sua avó Iracema lembra que desde criança ela apontava para a Fátima Bernardes na TV e dizia que queria ser jornalista.

Começou a frequentar a Primeira Igreja Batista em Itatiaia no início da adolescência e permanece até hoje como membro da igreja.

Sua profissão permitiu que conhecesse quase todos os estados brasileiros em viagens que deixavam seu pai Amilton apreensivo sempre que o avião decolava. Conheceu as culturas de norte a sul do país e trabalha hoje para valorizar e divulgar a cidade de Itatiaia. Faz de seu trabalho parte de suas realizações pessoais, pois nasceu com o dom de se comunicar.

Festeira e sempre disposta a planejar as comemorações, gosta muito de organizar mesas de aniversário como hobby e adora viajar.

É um orgulho para nós da família, pois acompanhamos seu crescimento pessoal, sua trajetória profissional e torcemos para que ela voe cada vez mais alto em seus sonhos e para que os realize como sempre faz. Sendo justa, respeitosa, com um trabalho de qualidade e que seja muito realizada em sua vida.

Hoje a Academia Itatiaiense de História recebe a Gabriela para somar e renovar, com a esperança de obtermos êxito em nossos projetos que valorizam nossa história, resgatam a identidade e fortalece nossa cultura.

Seja bem-vinda e já aviso que temos muito trabalho em parceria com os demais acadêmicos e amigos desta academia."



· Convido agora a confrade e agora acadêmica da ACIDHIS, a Gabriela da Silveira Ferreira Lima, para apresentar sua pesquisa sobre sua patrona – Eila Ampula.




Eila Ampula: além da arte
por Gabriela Ferreira

"Uma artista tão marcante, amava a pintura a óleo e descobriu na tecelagem aquilo que levaria seu nome ao mundo. Seus traços, cores e formas de representar a natureza e as pessoas vão além de uma simples representação. Eila fazia com tiras de tecido, verdadeiras obras de arte, ela pintava com os panos. Mas vamos à sua trajetória desde o início.
Sua história se mistura com a da Colônia Finlandesa de Penedo. Nascida no dia 6 de julho de 1916, em Tampere, na Finlândia, Eila Ampula chegou a Penedo aos13 anos de idade, acompanhada dos pais, que integraram o grupo pioneiro do finlandês Toivo Uuskallio, que fundou Penedo.

Eila repetiu de ano no colégio. Então pros pais aquilo foi uma vergonha muito grande, então, para eles, não bastava mudar de colégio, a família tinha que mudar era logo de país. No Brasil, a vergonha viraria orgulho. Anos depois, a menina representaria o país com sua arte.

Eila amava o Brasil. Não gostava nem um pouco do frio da Finlândia então adorou o clima tropical daqui. Ela começou sua vida artística com pinturas a óleo e essa era sua verdadeira paixão. Pintou telas incríveis.

Certa vez, seus trabalhos foram mostrados para Portinari, e ele, sem titubear, disse que ela não devia fazer outra coisa na vida a não ser pintar. E sim, Eila nunca deixou suas tintas à óleo. Depois, passou a criar peças de baixo relevo de cimento. Pesadas e lindas. Tudo o que fazia era muito belo.
Mas, não vendiam, as vendas eram muito fracas. A família precisava pensar em algo para o sustento. Sendo assim, em meados de 60, seu marido Martti Ampula teve a brilhante ideia de incentivar a esposa a começar as pesquisas de tecelagem. Então Eila começou a reproduzir suas pinturas e desenhos. Viraram preciosas tapeçarias.

As peças foram vendidas para o mundo inteiro. No Palácio do Planalto, em Brasília, o maior orgulho: os dragões da independência. Há peças de Eila pelo mundo e diversas celebridades e importantes instituições já adquiriram suas tapeçarias.

Suas obras ficaram conhecidas mundialmente, e ela teve exposições na Suécia, na própria Finlândia, nos Estados Unidos e também no Japão. Em uma das exposições na Finlândia, Eila simplesmente vendeu todas as peças expostas. Pelo seu destaque e ilustre trabalho, a artista recebeu a medalha de honra da Ordem dos Cavaleiros do Leão da Finlândia, concedida pelo próprio embaixador por ordem da presidenta da época.

Eila não era uma artesã, nunca teceu uma peça. Ela desenhava cada uma, pensava, escolhia cada fio de cor e como afirma sua filha “sabia que era uma grande artista”
Foi uma das entrevistadas no programa do Jô. E deu uma entrevista super divertida, mostrando suas tapeçarias e as tradições da cultura finlandesa, em Penedo. Lá, ela dançou tango com Vicente. A entrevista foi tão marcante que Eila foi citada no livro do famoso apresentador. Em um trecho de O livro de Jô -: Uma autobiografia desautorizada, Volume 2, ele cita “gente como a velinha nascida na Finlândia, Eila Ampula, que tomou cerveja durante a gravação e deu uma entrevista divertidíssima (eu havia feito uma pergunta boba e depois me desculpei. "Foi uma pergunta idiota" Ela respondeu: "Muito").
Vocês sabiam que além dessa grande artista, seus pratos eram muito recomendados. Eila cozinhava muito bem, mas não gostava de ir para a cozinha não.

Apaixonada por cores, viagens e dança. Certa vez, ela realizou um sonho. Passou uma semana em uma tribo indígena. E sobre sua paixão pela dança. Desde pequena sonhava em ser bailarina, mas o tipo físico, tão exigido na época, a atrapalhou na realização desse sonho. Amava tango e o parceiro preferido, seu Vicente. Sem falar no quanto amava os bailes do Clube Finlândia.

Gostava tanto de dança que pintou e fez tapeçarias de bailarinas e até em seu túmulo gravou essa marca. Ela mesmo colocou uma bailarina no local. Uma peça de concreto, baixo relevo que ela mesmo criou.

Eila tinha muito gosto por leitura e por estudar. Queria sempre aprender algo novo. Aos 80 aprendeu a mexer no computador, tocar teclado e a mexer no Corel Draw. No programa fez vários desenhos que ilustraram tapeçarias, camisetas. E que trabalho incrível, como sempre. Mas, sem dúvidas, Eila amava mesmo era pintar. A tapeçaria lhe dava o sustento, mas a paixão estava mesmo, desde sempre na tinta a óleo sobre as telas.

Aos 82, Eila lançou o livro Memórias da Imigrante. E ela mesmo desenhou as ilustrações para a obra. Sete anos depois, sua filha Laura, começou a estranhar o fato de Eila andar meio esquecida e ter passado a responder em português dentro de casa. (Elas só falavam finlandês dentro de casa) Depois de algumas consultas, Eila foi diagnosticada com Alzheimer e aos 92 anos, no dia 20 de novembro de 2008, Eila nos deixa.

EM 2016, a exposição Eila 100 anos celebrou o centenário da artista.
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Pude conhecer através de livros, documentos, entrevistas, o perfil de Eila como artista e sua forma sensacional de lidar com a arte.

De uma maneira ainda mais especial, eu, como jornalista e das apaixonadas em ouvir belas histórias, não poderia deixar de ouvir quem com ela conviveu de muito perto. Durante uma noite muito agradável, estive com Laura Ampula, filha de Eila, na casa onde a artista passou a maior parte de sua vida, em Penedo.

Com as memórias de Laura, descobri uma Eila muito além da artista e das tão famosas tapeçarias. Laura esteve ao lado da mãe até seu último respirar e hoje mantém um arquivo impressionante da história, carreira e vida de Eila.
Então, a partir de agora, conheçam um pouco mais sobre essa artista única, e acima de tudo a pessoa que era Eila Ampula.

Laura Ampula, agradeço imensamente, a abertura, disponibilidade, paciência em me responder tantas perguntas e nos receber tão bem. Receba esse projeto e pesquisa como uma homenagem a todo legado que sua mãe deixou para nós."


     

                                



6. Palavra às autoridades e encerramento

· MC – Solicito a mesa diretora a tomar seus lugares à frente para os pronunciamentos finais. Convido agora para breves palavras:


· Rafael Fioratto – Acadêmico e Superintendente de Cultura de Itatiaia
· Marcos Cotrim de Barcellos – Exmo. Presidente da Academia Resendense de História e do Instituto Campo Bello
· Coronel Cláudio Moreira Bento – Exmo. Presidente de Honra e fundador da ACIDHIS
· Eliane Barros de Almeida – Vice-presidente da ACIDHIS


MC - Convido agora o Exmo. Prof. Thiago Ferreira para fazer seu pronunciamento e encerramento dessa sessão solene.


Thiago Ferreira - Convido a todos para a nossa próxima solenidade no dia 13 de Julho às 15h, em comemoração aos 75 anos de instalação da AMAN na nossa região e entrega da Comenda Barão Homem de Mello, honraria destinada aos “historiadores, pesquisadores e personagens ilustres que desenvolveram relevantes serviços destinados a construir e preservar a história de Itatiaia” (Art. 19 do Estatuto da ACIDHIS) ao nosso presidente de Honra e Fundador Cel. Cláudio Moreira Bento.

Para finalizar, agradeço a presença do público, das autoridades civis e militares e a imprensa presente. Convido a todos para vir aqui na frente para fazermos nossa foto oficial e desde já uma boa tarde a todos.




Itatiaia
01 de junho de 2019